13.12.19

PARA QUE SERVE O YOGA – A Mãe, do Sri Aurobindo Ashram


Pergunta: Para que serve o yoga?
Para que você quer o yoga? Para ter poder? Para ter paz e calma? Para servir a humanidade? Nenhum desses motivos é suficiente para mostrar que você está pronto para o Caminho. A pergunta que você tem de responder é esta: Você quer o yoga para o bem do Divino? É o Divino o fato supremo de sua vida, de tal modo que é impossível viver sem ele? Você sente que sua razão de ser é o Divino e que não há sentido em sua existência sem ele? Se for assim, então pode-se dizer que você tem um chamado para o Caminho.

Esta é a primeira coisa necessária – aspiração pelo Divino. A coisa seguinte que você deve fazer é cuidar dessa aspiração, mantê-la sempre alerta e desperta e viva. E para isso requer-se concentração – concentração no Divino com o objetivo de uma absoluta consagração a sua Vontade e Propósito.

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Concentre-se no coração. Entre nele, cada vez mais profundo, o mais que puder. Junte todos os fios de sua consciência que estão espalhados e mergulhe. Ali queima um fogo, na profunda quietude do coração. É a divindade em você – seu verdadeiro ser. Ouça sua voz, siga o que ela diz.

Existem outros centros de concentração, por exemplo, um sobre a cabeça e outro entre as sobrancelhas. Cada um tem sua propria eficácia e lhe dá um resultado particular. Mas o ser central está no coração e do coração provêm todos os movimentos e todo o dinamismo, a urgência da transformação e poder de realização.     

Pergunta: O que fazer para se preparar para o Yoga?  

Seja consciente, em primeiro lugar. Somos conscientes de apenas uma porção insignificante de nosso ser; somos inconscientes da maior parte. É a inconsciência que mantém nossa velha natureza e evita a mudança e a transformação nela. É através da inconsciência que forças não divinas entram em nós e nos fazem seus escravos. Você deve estar consciente de si mesmo, deve estar desperto para sua natureza e seus movimentos, deve saber por que e como faz as coisas, ou as sente ou pensa nelas. Você deve entender seus impulsos e motivos, as forças escondidas e aparentes que o movem.

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Estando consciente, pode ver as forças que o puxam para baixo ou as que o ajudam. E quando souber o certo e o errado, o verdadeiro e o falso, o divino e o não divino, deverá agir de acordo com esse conhecimento, isto é, rejeitar um e aceitar o outro. A dualidade se apresentará a cada passo e a cada passo você terá que fazer sua escolha. Terá que ser paciente, persistente e vigilante; deverá sempre recusar-se a dar qualquer oportunidade para o não divino contra o divino.

Pergunta: Quais são os perigos do Yoga?

Tudo depende do espírito com que você o aborda. O Yoga se torna perigoso se você quiser praticá-lo com um objetivo egoísta, para servir a uma finalidade pessoal. Não é perigoso se você abordá-lo com um sentido de ser sagrado, sempre lembrando que o objetivo é encontrar o Divino.

Perigos e dificuldades vêm quando as pessoas praticam o Yoga, não pelo Divino, mas porque querem adquirir poder e sob o disfarce do Divino buscam satisfazer alguma ambição. Se você não puder se libertar da ambição, não toque a coisa. Ela é fogo que queima.

Existem dois caminhos de Yoga, um de disciplina e o outro de entrega. O caminho da disciplina é árduo. Aqui você confia apenas em si mesmo, prossegue com sua própria força. Você sobe e conquista de acordo com a medida de sua força. Há sempre o perigo de queda. E uma vez caído, fica em pedaços no abismo e dificilmente consegue recuperar-se.

O outro caminho, o da entrega, é seguro e certo. É aqui que os ocidentais encontram sua dificuldade. Eles foram ensinados a temer e evitar tudo que ameaça sua independência pessoal. Beberam com o leite de suas mães o sentido da individualidade. E entrega significa abandonar tudo isso.

Em outras palavras, você pode seguir, como diz Ramakrishna, o caminho do macaquinho ou o caminho do gatinho. O macaquinho se segura em sua mãe para ser levado, e deve segurar firme, do contrário cairá. Por outro lado, o gatinho não segura sua mãe, mas é segurado por ela e não tem medo ou responsabilidade; ele nada tem a fazer senão deixar a mãe leva-lo e chorar:  ma ma.

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Se você tomar o caminho da entrega de maneira total e sincera, não há mais perigo ou dificuldade séria. A questão é ser sincero. Se você não for sincero, não comece o Yoga. Se você lida com assuntos humanos, pode recorrer à fraude; mas ao lidar com o Divino, não há qualquer possibilidade de fraude. Você pode seguir com segurança no Caminho quando for cândido e totalmente sincero e quando seu único objetivo é realizar o Divino e ser movido pelo Divino.

Existe um outro perigo; está na conexão com os impulsos sexuais. O Yoga em seu processo de purificação vai expor à luz e jogar para cima todos os impulsos e desejos escondidos em você. E você deve aprender a não esconder as coisas nem deixá-las de lado, tem de encará-las e conquistá-las.

Entretanto, o primeiro efeito do Yoga é retirar o controle mental, de modo que os desejos latentes são de repente liberados, sobem e invadem o ser. Enquanto esse controle mental não for substituído pelo controle Divino, há um período de transição no qual sua sinceridade e entrega serão testadas.

A força de tais impulsos, como os do sexo, está no fato de as pessoas se preocuparem demais com eles; elas protestam e procuram controlá-los à força, os prendem no interior e sentam-se sobre eles. Mas quanto mais você pensa em algo e diz, “Não quero, não quero”, mais você se liga a isso. O que você deve fazer é manter a coisa longe de si, dissociar-se dela, permanecer indiferente e sem preocupar-se com ela.

Os impulsos e desejos que sobem pela pressão do Yoga devem ser encarados com um espírito de desapego e serenidade, como algo estranho a si mesmo ou pertencendo ao mundo exterior. Devem ser oferecidos ao Divino, para que o Divino possa tomá-los e transmutá-los.
    
Se alguma vez você se abriu ao Divino, se o poder do Divino alguma vez desceu em você, e mesmo assim você tenta manter as velhas forças, prepara problemas, dificuldades e perigos para si. Deve estar vigilante e cuidar para que não use o Divino como um disfarce para a satisfação de seus desejos.

Existem muitos Mestres auto-designados que não fazem outra coisa. E quando você sai do caminho correto e tem um pouco de conhecimento e não muito poder, é agarrado por seres ou entidades de um certo tipo, torna-se um instrumento cego nas mãos desses seres e é devorado por eles no fim.

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Onde houver fingimento, há perigo; você não pode enganar a Deus. Você vem a Deus dizendo, “Quero união contigo” e em seu coração pensa “Quero poderes e prazeres”? Cuidado! Está se dirigindo direto para a beira do precipício. Mas é tão fácil evitar toda catástrofe. Torne-se como uma criança, entregue-se à Mãe Divina, deixe-A carregá-lo, e não há mais perigo para você.

Isso não significa que você não tem de enfrentar outros tipos de dificuldades ou que não tem de lutar e conquistar outros obstáculos. A entrega não assegura um progresso contínuo e suave. A razão é que seu ser ainda não é integral, nem sua entrega é absoluta e completa. Apenas uma parte sua se entrega; e hoje é uma parte e no dia seguinte é outra.

Todo o propósito do Yoga é juntar todas as partes divergentes e transformá-las numa unidade. Até então você não pode esperar estar sem dificuldades, tais como a dúvida, a depressão ou a hesitação.

O mundo todo está cheio de veneno. Você o ingere a cada respiração. Se trocar algumas palavras com uma pessoa indesejável ou mesmo se ela meramente passar por você, pode ser contagiado. É o suficiente se você ficar perto de um lugar onde existe uma praga para ser infectado com seu veneno. Você pode perder em poucos minutos o que levou meses para ganhar.

Enquanto você pertencer à humanidade e levar uma vida comum, não importa muito se se mistura às outras pessoas; mas se quer a vida divina, terá de ser muito cuidadoso com sua companhia e seu meio ambiente.

PENSAMENTOS SÃO ENTIDADES VIVAS - A Mãe



As antigas tradições, como a caldéia ou hindu, já ensinavam que os pensamentos são formações: através de seu pensamento um ser humano tem o poder de criar entidades vivas, reais e ativas.

E não se deve pensar que isso só pode ser feito através de alguma prática diferente ou perigosa conhecida como magia. Nada disso. Qualquer pensamento que seja forte e persistente, qualquer desejo que seja muito intenso – o que é também uma forma de pensamento – determina uma formação cuja duração e poder de ação dependerão da força e intensidade do pensamento ou desejo que lhe deu nascimento. 

Unindo nossos pensamentos em torno de uma ideia pura e elevada, criamos uma atmosfera mental luminosa e forte.

Pensar em alguém é estar perto dessa pessoa. Onde quer que duas pessoas estejam, mesmo se separadas por milhares de quilômetros, se pensam uma na outra, estarão  juntas de modo muito real. Portanto, a separação não existe, é uma aparência ilusória. Estamos sempre perto da pessoa que amamos e em quem pensamos. Experimente esta comunhão mental e verá que não há razão para tristeza.   

A cada manhã, quando se levantar, saúde os salvadores da humanidade que sempre têm vindo, e continuarão a vir até o fim dos tempos, como guias e instrutores, como servidores humildes e maravilhosos de seus irmãos, a fim de ajudá-los a alcançar a perfeição. Assim, quando acordar, concentre neles seu pensamento de confiança e gratidão e logo experimentará os efeitos benéficos desta concentração. Você sentirá a presença deles respondendo a seu chamado,  ficará cheio de sua luz e amor.

A INFLUÊNCIA DOS PENSAMENTOS - A Mãe, do Sri Aurobindo Ashram

Se você refletir sobre o incalculável número de pensamentos emitidos a cada dia no mundo, verá surgindo perante sua imaginação uma cena terrível, agitada e complexa na qual todas essas formações se entrecruzam e colidem, batalham entre si, sucumbem e triunfam num movimento vibratório que é tão rápido que dificilmente podemos imaginá-lo.

Agora você pode perceber como pode ser a atmosfera mental de uma cidade como Paris, onde milhões de indivíduos estão pensando – e que pensamentos! Você pode imaginar essa fervilhante e instável massa, esse emaranhamento inextricável. Apesar de todas as tendências, vontades e opiniões contraditórias, um tipo de unidade existe entre estas vibrações, pois todas elas, com poucas exceções, expressam desejo, desejo em todas as suas formas, todos os seus aspectos, em todos os planos.

Todos os pensamentos de pessoas de mente mundana, cujo único objetivo é o gozo e diversão do corpo, expressam desejo. Todos os pensamentos de criadores intelectuais ou artistas sedentos por fama, consideração e honra, expressam desejo.

Todos os pensamentos de milhares de empregados e trabalhadores, de todos os oprimidos, os desafortunados, que lutam por alguma melhora em sua existência, expressam desejo.

Todos, ricos e pobres, poderosos e fracos, privilegiados e oprimidos, intelectuais e obtusos, todos querem riqueza, sempre mais riqueza para satisfazer todos os seus desejos.

Se em algum lugar ocasionalmente brilha um pensamento puro e desinteressado, da vontade de fazer o bem, de uma busca sincera pela verdade, ele é rapidamente engolido por essa inundação que rola como um mar de lodo.

No futuro os pensamentos luminosos iluminarão a noite desse planeta, mas no momento estamos vivendo nessa escuridão, pois tanto no domínio físico quanto no mental, nos encontramos num estado de contínuas trocas com o meio ambiente. Isso é para mostrar a você como somos contaminados a cada dia, a cada minuto.

Existem duas vitórias possíveis para serem alcançadas, uma coletiva e outra individual. A primeiro é, digamos, positiva e ativa, e a segunda negativa e passiva. Para se ganhar a vitória positiva é necessário declarar uma guerra aberta de ideia contra ideia, para que os pensamentos que são desinteressados, elevados e nobres batalhem contra aqueles que são egoístas, básicos e vulgares.

Essa é uma luta corpo a corpo, uma batalha de cada minuto que demanda considerável poder e clareza mentais. Para lutar contra pensamentos é necessário, em primeiro lugar, recebê-los, admiti-los dentro de si mesmo, deliberadamente permitir-se ser contaminado, absorver a doença contida neles para melhor destruir o germe mortífero ao curar a si mesmo.

É uma verdadeira guerra na qual a pessoa corre o perigo de perder seu equilíbrio mental a cada minuto – e uma guerra exige guerreiros. Não recomendo essa prática a ninguém. Ela pertence por direito aos iniciados que se prepararam para ela durante longa e rigorosa disciplina, e assim devemos deixar essa luta para eles.

De nossa parte, devemos nos contentar em nos purificar para estarmos livres de toda infecção. Devemos aspirar a uma vitória individual, e se vencermos descobriremos que fizemos mais pela coletividade do que suspeitamos no início. Acendamos dentro de nós mesmos o fogo das antigas vestais, o fogo que simboliza a inteligência divina, que é nosso dever manifestar. É um trabalho que não pode ser conseguido num dia, num mês ou num ano, é um trabalho que exige perseverança.

6.10.19

O MISTÉRIO DE SAHASRARA – Sri Aurobindo



O sétimo chakra (Sahasrara) é às vezes confundido com o cérebro, mas isto é um erro – o cérebro é apenas um canal de comunicação situado entre o chakra de mil pétalas (Sahasrara) e o chakra da testa (Ajña).

Sahasrara é às vezes chamado de o chakra do vazio (shúnya), ou porque não está no corpo, mas num aparente vazio, ou porque ao elevar-se acima da cabeça a pessoa entra no silêncio do ser espiritual.

Sahasrara é o chakra que se situa acima da cabeça. É o sétimo centro e o mais elevado. Os que consideram apenas os centros que estão dentro do corpo contam seis chakras, excluindo o Sahasrara.

Os chakras se abrem sob a pressão do sádhana (práticas espirituais) e sua atividade em pessoas comuns é muito pequena, pois nelas é a consciência exterior que está ativa.

A abertura no alto da cabeça é o Brahmarandhra, através do qual existe a comunicação entre a consciência superior e a inferior do corpo. É uma passagem, não um chakra. O chakra é o Sahasrara de mil pétalas, que se situa sobre aquela parte da cabeça (o Brahmarandhra).

O cérebro é apenas um centro de consciência física. Quando a pessoa cessa de estar presa ao corpo, então o cérebro se torna apenas um canal transmissor, passivo e silencioso.

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18.9.19

PRANAYAMAS PARA CURAR A ANSIEDADE – Alina Prax



Sua respiração é uma força curativa incrivelmente potente. Na antiga língua sânscrita, respiração é vida e é conhecida como prana, ou energia da vida. Essa energia sagrada entra em nós com cada inspiração e sai com cada expiração. É uma potente corrente de cura que podemos acessar a todo momento, particularmente quando sentimos estresse e ansiedade.
Os antigos yogues desenvolveram sofisticadas técnicas de respiração conhecidas como pranayama, que ajudam a remover o estresse e equilibrar o sistema nervoso. Algumas técnicas são incrivelmente simples, enquanto outras são mais complicadas.
Na maior parte do tempo, nem percebemos que estamos respirando. Respiramos automaticamente. Estar consciente da respiração muda tudo. Ao nos tornarmos conscientes de nossa respiração, começamos a acalmar a ansiedade que acompanha um estilo de vida inconsciente.
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Muitos de nós temos um padrão não saudável de respirar – especialmente quando estamos estressados. Ao fazer o prana mover-se livremente pelo corpo, podemos acabar com o estresse e a ansiedade. Quando você se sente ansioso, é importante prestar atenção imediatamente em sua respiração. O Universo está aqui para guia-lo e protege-lo durante suas lutas, e quando você se torna consciente da respiração pode conectar-se a essa energia sagrada da vida.
Quando você se torna profundamente consciente de sua respiração, você diminui o caos de sua mente, onde o estresse reside.
Respiração yogue completa
Uma das melhores maneiras de remover a ansiedade com a respiração é utilizando a respiração yogue completa. Inale contando até quatro, segure contando quatro, agora exale contando quatro e segure contando quatro. Você pode fazer isso quantas vezes quiser, ou até sentir a ansiedade desaparecer.
Nadi Shodhana
Feche a narina direita e inale suavemente pela esquerda, depois feche a esquerda e exale pela direita. Em seguida inale pela direita e exale suavemente pela esquerda. Faça até sentir a ansiedade desaparecer e equilibrar o sistema nervoso.

Respiração abdominal

Faça isso a qualquer hora e qualquer lugar – talvez antes de um evento estressante ou exame importante. Coloque suas mãos sobre seu abdômen e inale fazendo com que o mesmo expanda, depois observe-o contrair-se com a exalação.




5.9.19

UMA RESPIRAÇÃO PARA DINAMIZAR O CÉREBRO – Julie Bernier



Diferente de outros pranayamas, que possuem um efeito relaxante, Kapalabháti é incrivelmente revigorante. Gosto de usá-lo para despertar de manhã e afastar qualquer preguiça e sono. Ele me dá certa clareza e energia que nenhuma quantidade de café poderia dar.
Kapalabháti me deixa radiante e tem efeitos que melhoram inclusive a beleza física. Mas seu verdadeiro propósito é limpar. Suas exalações forçadas limpam o catarro dos canais nasais; por isso é uma prática preliminar para outros pranayamas que requerem narinas desimpedidas, como a respiração alternada.
Técnica da respiração
Kapalabháti não deve ser confundido com Bhástrika. Em Bhástrika, a inalação e a exalação são ambas exageradas e de igual duração. Entretanto, em Kapalabháti a exalação é forçada e a inalação é suave e natural. Contraindo vigorosa e rapidamente os músculos abdominais para dentro, a expiração sai rápida e forte. A inalação acontece de modo natural e sem esforço, relaxando os músculos abdominais; acontece mais lentamente.
Pratique 32 vezes, ou menos, de acordo com sua capacidade. Ao cansar, pare e relaxe.

Benefícios

Kapalabháti limpa instantaneamente os canais da respiração, tanto que é necessário ter ao lado um lenço de papel. Por isso, é considerado uma prática benéfica para desordens respiratórias. Também estimula a digestão por ativar a região abdominal.
É extremamente revigorante, afastando o sono e a preguiça. Por isso não deve ser praticado antes de ir para a cama. Limpa também os nadis, que são canais sutis onde circula o prana, e aumenta o oxigênio no corpo.
Pode ser praticado após os âsanas e antes de pranayamas. Mentalmente, desperta a consciência e aumenta a energia mental.
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31.7.19

PARA UMA MEDITAÇÃO PROFUNDA – Swami Satchidananda



Os plexos nervos localizados na coluna, ou chakras, podem ser usados como focos para sua concentração durante a meditação. Porém não se recomenda manter a mente concentrada nos chakras baixos.

Se sentir calor num destes, desfrute-o, mas não permita que a mente se fixe nele. Leve a mente a um dos centros mais altos, como o coração ou o terceiro olho. Atraia toda sua energia para cima.

Os nervos psíquicos se unem num ponto entre as sobrancelhas – não no exterior mas no interior. Quase na parte central do crânio; para ser preciso, ali onde se alojam as glândulas pineal e pituitária, que são chamadas Shiva e Shakti no simbolismo do yoga.



Eles têm o touro como veículo: a glândula tireoide. Shiva monta o touro e, por isso, é o comandante chefe. Pois a tireoide se impõe sobre todo o sistema. É uma réplica de todo o corpo.

Você pode enfocar sua meditação no centro amoroso do coração ou na torre central, entre as sobrancelhas, na qual se localiza o santo dos santos.

Às vezes, durante a meditação, talvez você ouvirá um som muito sutil, mas quando tratar de ouvi-lo melhor, desaparecerá. Pois se você se emocionar ou se assustar, perderá a serenidade que gerou esse som. Espera com paciência e pouco a pouco começará a ouvi-lo de novo.

Para sair de sua meditação, com lentidão, vá aumentando o tempo de sua inalação e exalação. Respire com movimentos largos. Inale e exale profundamente, várias vezes.

VOCÊ VEIO PARA CRESCER – Swami Satchidananda



Todo desejo pessoal é um nó que o amarra. Desamarre-se. Você não tem que renunciar a nada neste mundo, somente ao seu apego às coisas. Pode possuir coisas, mas não permita que estas se apossem de você.

E não acumule mais do que necessita. Não saberia o que usar, onde guardar tantas coisas, como cuidar delas – tudo isto vai inquietar sua mente. Se tem muita roupa guardada e deseja ir depressa a algum lugar, gastará horas para saber o que vestir. Mas se tem só duas peças, se vestirá com uma delas e poderá sair rapidamente.

Só nos prejudica aquilo a que nos apegamos. Se você se desprende das coisas, experimenta paz. A pessoa que vive de forma simples, com o essencial para sobreviver, se livra de preocupações.

O mundo foi criado para que o compreendamos, nos sirvamos dele e para que cresçamos. Não podemos fugir. O mundo todo é como uma “onda quente”. Onde formos no cosmos seremos “cozidos” por nossas próprias experiências.

Portanto, temos que aceitar esta verdade até que estejamos “queimados”. A aceitação da vontade divina nos dá alegria, nos acalma. Outros talvez dirão: “Deus meu, quanto sofrimento!” Nós exclamaremos: “Muito bem. Se queres assim, vamos em frente”.

O mundo não é terrível nem imperfeito. Pelo contrário, é perfeito. Você está num processo de fabricação. Uma vez que esteja bem “queimado” pelas experiências da vida, se sentirá livre e dirá: “Agora sou feliz”. Então poderá aconselhar a outros: “Não se preocupem. Logo vocês também estarão ‘queimados’ como eu e serão felizes”.

Se você conhece o propósito do sofrimento – queimar seu ego – inclusive se alegrará com isso. O sofrimento é o caminho da purificação. Assim como o ouro deve ser derretido e esfriar para que seja purificado, todas as pessoas são purificadas pelo calor do sofrimento. Então aceite o sofrimento como vier.
Apesar disso, você não precisa ir em busca do sofrimento. Não deve provoca-lo a si mesmo nem a outros.

Para conhecer o bem, é preciso saber o que é o mal. Se o sofrimento se aproxima, aceite-o com alegria, agradeça a Deus e à pessoa que o produz. Se sofre, examine as causas.

23.7.19

OS TRÊS TIPOS DE YOGUES – Sadhguru



Certas escolas de yoga classificam os yogues em três categorias. São chamados de mandha, madhyama e uttama.
Mandha Yogues – de percepção não contínua
Mandha significa que o yogue experimentou a consciência interior. Ele experimentou a fonte da criação, conheceu a unidade, mas não consegue manter esse estado o dia todo. Precisa esforçar-se para voltar a ele. Às vezes está consciente e às vezes perdeu toda a percepção. Em outras palavras, sua percepção não é sempre a mesma. 

Ninguém consegue estar divinamente consciente vinte e quatro horas por dia. Se você está fazendo um esforço para ser consciente e puder consegui-lo por alguns segundos ou minutos, já é uma grande coisa. Portanto, o primeiro estágio de um yogue é chamado mandha.
Madhyama Yogues – de percepção contínua
A segunda categoria de yogues é chamada madhyama, que significa médio. Ele tem constante percepção da dimensão interior, mas não consegue lidar com a dimensão física. Têm havido vários yogues, que são adorados ainda hoje, que eram absolutamente incapazes em sua vida física. Em certos momentos de suas vidas, tinham que ser lembrados de comer ou fazer suas necessidades no toalete. Estavam num fantástico estado interiormente, mas eram como crianças, desconectadas do mundo exterior.

Um exemplo é Neem Karoli Baba, que não sabia quando tinha de ir ao toalete. Quando alguém lhe dizia “Você não foi ao toalete por tantas horas, deve ir,” então ele ia. As funções físicas, a atividade mundana estava completamente ausente  de sua consciência.

Uttama Yogues – a história de Guru Dattatreya
O terceiro estado de um yogue é estar em constante percepção do estágio final, e ao mesmo tempo, estar perfeitamente sintonizado com o mundo exterior. Um exemplo foi Dattatreya. As pessoas que conviviam com ele diziam que era a encarnação de Shiva, Vishnu e Brahma ao mesmo tempo. Essa era a maneira das pessoas expressarem aquele estado espiritual. Porque viam que, embora ele estivesse em forma humana, nada havia de humano nele.

Por isso, vemos nas imagens de Dattatreya que ele é representado com três cabeças, por ser considerado a encarnação das três divindades.

Dattatreya viveu uma vida muito misteriosa. Ainda hoje, depois de séculos, os adoradores de Dattatreya são um clã poderoso. Vocês devem ter ouvido falar dos Kanphats. Ainda hoje, eles caminham acompanhados de cachorros pretos. Dattatreya sempre tinha a seu redor cachorros que eram totalmente pretos.

Se você tem um cachorro em casa, sabe que ele tem mais percepção que você. No olfato, na audição, na visão – ele parece ser melhor que você. Assim, Dattatreya colocava o cão num nível diferente e escolhia aqueles que eram completamente pretos. Também os Kanphats levam consigo esses cães, e os tratam muito bem. Aquilo que Dattatreya estabeleceu para o caminho espiritual ainda é seguido hoje e seus seguidores formam um dos maiores grupos de buscadores espirituais.
A busca de Parashurama por um Guru
Parashurama foi um grande sábio guerreiro da época do Mahabhárata. De muitas maneiras, mesmo sem participar diretamente, Parashurama decidiu o destino da guerra de Kurukshetra. Ele treinou Karna desde o começo. Portanto, tinha enormes capacidades guerreiras, mas sua volatilidade emocional não lhe permitia perceber o divino em todos os momentos de sua vida. Algumas vezes tinha a consciência interior, outras não. Na maior parte do tempo, era dominado pela ira. Ele era um brâmane (casta dedicada à busca espiritual) que odiava os kshátrias (casta guerreira).

Resultado de imagem para parasurama   Parashurama

Então ele foi a muitos gurus sem encontrar solução para sua consciência não contínua. Finalmente, chegou a Dattatreya. As pessoas lhe diziam "Dattatreya é sua resposta." E Parashurama foi até ele, com seu machado de guerra na mão. Quando os outros discípulos do mestre o viram, fugiram de medo!

Quando Parashurama entrou na morada de Dattatreya, viu um homem sentado com uma garrafa de vinho de um lado e uma jovem mulher do outro. Ele apenas olhou. Dattatreya parecia bêbado. Parashurama olhou para ele, colocou seu machado no chão para nunca mais pegá-lo e prostrou-se perante o mestre. 
No momento em que ele se prostrou, a garrafa de vinho e a mulher desapareceram e Dattatreya estava ali sentado com seu cachorro a seus pés. Parashurama encontrou sua salvação em Dattatreya.

Parashurama  era um homem de imensas capacidades, mas sua capacidade encontrava expressão na ira, sempre se encontrava num estado negativo de volatilidade emocional. O momento que ele encontrou Dattatreya foi o momento de sua abertura para o divino. Se aquela consciência tivesse chegado mais cedo em sua vida, muitos guerreiros teriam sido poupados por seu machado!