5.6.19

O NASCIMENTO DA TRADIÇÃO NATH – Swami Nirmalananda




Certa vez um jovem andava pelas montanhas dos Himalayas, na Índia. Havia algum tempo que ele não tinha visto ninguém, mas certo dia ouviu um fraco som de uma voz humana. Seguindo-o, viu à distância algumas pessoas sentadas perto de um rio. Entrando na água, começou a nadar em direção a elas no lado oposto do rio.

Naquele lado do rio, cresciam juncos e, assim, sem ser visto, ele se aproximou daquelas pessoas. E logo começou a entender o que estava sendo dito.

Fascinado pelas palavras do orador, chegou tão perto quanto pôde e durante longo tempo permaneceu absorto nas coisas maravilhosas que estavam sendo faladas. A ciência do yoga estava sendo exposta pelo mestre a seus discípulos.

Então ouviu o mestre dizer: “Há um ‘peixe’ nos juncos ali, ouvindo tudo que estou dizendo. Por que ele não vem e se junta a nós?” Ele fez como sugerido e se tornou um residente no ashram do mestre, aprendendo filosofia e yoga.

 Imagem relacionada O Ganges nos Himalayas

Após diligente prática de meditação por algum tempo, o mestre lhe pediu para voltar às planícies e ensinar o yoga a quem desejasse aprender. Ele recebeu um novo nome, Matsyendranath. (Matsyendra é composta de duas palavras: matsya que significa peixe e Indra que é o rei dos seres celestiais. Nath significa mestre).

Não se sabe qual era o nome do mestre. Matsyendranath e seus discípulos apenas referiam-se a ele como Adi Nath (o Primeiro Mestre). Alguns creem que Adi Nath era o próprio Shiva ensinando yoga, ou talvez o grande e antigo mestre Sanatkumara.

Matsyendra andou por toda a Índia, ensinando aqueles que estavam despertos o suficiente para desejar e compreender o caminho do yoga.

 Imagem relacionada  Matsyendranath

Um dia, em suas andanças, chegou numa casa onde a esposa do proprietário lhe deu algo para comer e lhe fez um pedido: que ele a abençoasse para ter um filho. Então ele a abençoou e lhe deu um pouco de cinzas de uma fogueira sagrada, dizendo-lhe que engolisse.

Depois disso, partiu. A mulher seguiu suas instruções e logo concebeu e deu à luz a uma criança do sexo masculino. Vários anos mais tarde Matsyendra voltou lá novamente e viu o garotinho próximo à casa. Ele lhe disse que fosse chamar sua mãe, e quando ela veio lhe perguntou se ela se lembrava dele, recebendo sim como resposta.

Apontando o garoto, ele disse: “Este é meu filho. Vim busca-lo.” A mulher concordou e Matsyendra partiu com o garoto, a quem chamou de Gorakhsha (guardião da luz).

Goraksha com o tempo se tornou Gorakshanath – comumente chamado Gorakhnath – o maior yogue da história da Índia. Em toda parte do país há histórias falando sobre sua permanência naquelas áreas. Ele também viveu no Nepal, Tibet, Ladakh e Bhutan.

 Resultado de imagem para gorakhnath  Gorakhnath

Há santuários e templos dedicados a ele em todos esses países. Seu maior templo fica em Gorakhpur, cidade onde nasceu Paramahansa Yogananda.

Considerando-se todo o folclore a seu respeito, Gorakhnath deve ter vivido pelo menos duzentos a trezentos anos, e muitos declaram que ele nunca deixou o corpo, e que está vivendo nesse momento nos Himalayas.

Gorakhnath teve muitos discípulos, e muitos deles atingiram a iluminação. Eles foram os primeiros membros da Nath Yogi Sampradaya (tradição dos yogues Nath). Essa tradição com o tempo contou entre seus membros com o grande sábio Patânjali, fundador da filosofia do yoga e autor dos Yoga Sutras, e com Jesus de Nazareth (chamado de Sri Ishanath enquanto esteve na Índia dos treze aos trinta anos de idade).

Durante muitos séculos, a maioria dos monges da Índia eram NathYogues, mas no século 19 houve um grande declínio em seu número, o qual continua ainda hoje a diminuir. Entretanto existem vários grupos de “Nath Panthis” que seguem a filosofia e o yoga de Matsyendranath e Gorakhnath, e portanto estão envolvidos com o mantra Soham como o centro de suas práticas espirituais.

Soham significa: Eu Sou Aquele. É a vibração natural do Eu eterno, que ocorre espontaneamente com a inspiração e expiração durante a respiração. Tornando-se consciente disso através da repetição mental acompanhando a respiração (So quando inala e Ham quando exala), o yogue experimenta a identidade entre seu Eu individual e o Eu Supremo.

 Resultado de imagem para soham meditation

De acordo com os Nath yogues, Soham existiu dentro das profundidades da Divindade desde a eternidade; e o mesmo é verdadeiro com relação a cada ser vivo. Soham, portanto, revela nosso ser interior. Meditando em Soham descobrimos nosso Eu interior que é eterno. A simples entonação de Soham juntamente com a respiração, com o passar do tempo, fará tudo no desenvolvimento da consciência espiritual do yogue.

A prática é muito simples e os resultados muito profundos. Soham Yoga pode acontecer a todo momento, não apenas durante a meditação, se nos dedicarmos a esse mantra. A vida toda se torna uma corrente contínua de prática liberadora.

Quando repetimos Soham juntamente com a respiração, naturalmente, sem força-la, estamos invocando nosso ser eterno. Por isso precisamos apenas ouvir nosso canto mental de Soham acompanhando a respiração, que em si mesma é Soham.

O mais importante é que Soham Yoga realmente funciona. Apenas é necessário perseverança.

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