Certa vez um jovem andava pelas montanhas dos Himalayas,
na Índia. Havia algum tempo que ele não tinha visto ninguém, mas certo dia
ouviu um fraco som de uma voz humana. Seguindo-o, viu à distância algumas
pessoas sentadas perto de um rio. Entrando na água, começou a nadar em direção
a elas no lado oposto do rio.
Naquele lado do rio, cresciam juncos e, assim, sem ser
visto, ele se aproximou daquelas pessoas. E logo começou a entender o que
estava sendo dito.
Fascinado pelas palavras do orador, chegou tão perto
quanto pôde e durante longo tempo permaneceu absorto nas coisas maravilhosas
que estavam sendo faladas. A ciência do yoga estava sendo exposta pelo mestre a
seus discípulos.
Então ouviu o mestre dizer: “Há um ‘peixe’ nos juncos ali,
ouvindo tudo que estou dizendo. Por que ele não vem e se junta a nós?” Ele fez
como sugerido e se tornou um residente no ashram do mestre, aprendendo
filosofia e yoga.
O Ganges nos Himalayas
Após diligente prática de meditação por algum tempo, o
mestre lhe pediu para voltar às planícies e ensinar o yoga a quem desejasse
aprender. Ele recebeu um novo nome, Matsyendranath. (Matsyendra é composta de
duas palavras: matsya que significa peixe e Indra que é o rei dos seres celestiais.
Nath significa mestre).
Não se sabe qual era o nome do mestre. Matsyendranath e
seus discípulos apenas referiam-se a ele como Adi Nath (o Primeiro Mestre). Alguns
creem que Adi Nath era o próprio Shiva ensinando yoga, ou talvez o grande e
antigo mestre Sanatkumara.
Matsyendra andou por toda a Índia, ensinando aqueles que
estavam despertos o suficiente para desejar e compreender o caminho do yoga.
Um dia, em suas andanças, chegou numa casa onde a esposa
do proprietário lhe deu algo para comer e lhe fez um pedido: que ele a
abençoasse para ter um filho. Então ele a abençoou e lhe deu um pouco de cinzas
de uma fogueira sagrada, dizendo-lhe que engolisse.
Depois disso, partiu. A mulher seguiu suas instruções e
logo concebeu e deu à luz a uma criança do sexo masculino. Vários anos mais
tarde Matsyendra voltou lá novamente e viu o garotinho próximo à casa. Ele lhe
disse que fosse chamar sua mãe, e quando ela veio lhe perguntou se ela se
lembrava dele, recebendo sim como resposta.
Apontando o garoto, ele disse: “Este é meu filho. Vim
busca-lo.” A mulher concordou e Matsyendra partiu com o garoto, a quem chamou
de Gorakhsha (guardião da luz).
Goraksha com o tempo se tornou Gorakshanath – comumente
chamado Gorakhnath – o maior yogue da história da Índia. Em toda parte do país
há histórias falando sobre sua permanência naquelas áreas. Ele também viveu no
Nepal, Tibet, Ladakh e Bhutan.
Há santuários e templos dedicados a ele em todos esses
países. Seu maior templo fica em Gorakhpur, cidade onde nasceu Paramahansa Yogananda.
Considerando-se todo o folclore a seu respeito, Gorakhnath
deve ter vivido pelo menos duzentos a trezentos anos, e muitos declaram que ele
nunca deixou o corpo, e que está vivendo nesse momento nos Himalayas.
Gorakhnath teve muitos discípulos, e muitos deles
atingiram a iluminação. Eles foram os primeiros membros da Nath Yogi Sampradaya
(tradição dos yogues Nath). Essa tradição com o tempo contou entre seus membros
com o grande sábio Patânjali, fundador da filosofia do yoga e autor dos Yoga
Sutras, e com Jesus de Nazareth (chamado de Sri Ishanath enquanto esteve na
Índia dos treze aos trinta anos de idade).
Durante muitos séculos, a maioria dos monges da Índia eram
NathYogues, mas no século 19 houve um grande declínio em seu número, o qual
continua ainda hoje a diminuir. Entretanto existem vários grupos de “Nath Panthis”
que seguem a filosofia e o yoga de Matsyendranath e Gorakhnath, e portanto
estão envolvidos com o mantra Soham como o centro de suas práticas espirituais.
Soham significa: Eu Sou Aquele. É a vibração natural do Eu
eterno, que ocorre espontaneamente com a inspiração e expiração durante a
respiração. Tornando-se consciente disso através da repetição mental
acompanhando a respiração (So
quando inala e Ham quando exala), o yogue experimenta a
identidade entre seu Eu individual e o Eu Supremo.

De acordo com os Nath yogues, Soham existiu dentro das
profundidades da Divindade desde a eternidade; e o mesmo é verdadeiro com
relação a cada ser vivo. Soham, portanto, revela nosso ser interior. Meditando
em Soham descobrimos nosso Eu interior que é eterno. A simples entonação de Soham
juntamente com a respiração, com o passar do tempo, fará tudo no
desenvolvimento da consciência espiritual do yogue.
A prática é muito simples e os resultados muito profundos.
Soham Yoga pode acontecer a todo momento, não apenas durante a meditação, se
nos dedicarmos a esse mantra. A vida toda se torna uma corrente contínua de
prática liberadora.
Quando repetimos Soham juntamente com a respiração, naturalmente,
sem força-la, estamos invocando nosso ser eterno. Por isso precisamos apenas
ouvir nosso canto mental de Soham acompanhando a respiração, que em si mesma é Soham.
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