26.4.13

O CAMINHO DIRETO E OS CAMINHOS INDIRETOS - Arthur Osborne


Imagine as pessoas vivendo ao pé de uma montanha, num lugar pantanoso e quente, subalimentados, doentes. E ouvem dizer que existe um maravilhoso platô no topo da montanha, com frutas e flores, ar fresco e saudável, água pura. Mas a subida é árdua, e elas têm de abandonar suas poucas e miseráveis possessões para trás, e por isso eles ficam onde estão.

Apenas uns poucos dos mais aventureiros, buscando o topo da montanha ou simplesmente lutando para se colocar fora daquele lugar quente, doentio e cheio de insetos, conseguem subir alguma distância e vêm a morar em lugares mais altos. Os moradores do fundo se referem a eles como “as pessoas da montanha”, mas ainda assim entre estes moradores existem inúmeras diferenças.

Alguns podem ter desenvolvido uma fazenda com frutas, leite e grãos para dar aos doentes e necessitados lá de baixo, enquanto outros podem descansar numa caverna da montanha tendo apenas um pouco mais do que precisam para viver. Alguns podem dirigir-se a uma aventura para alcançar o topo, enquanto outros são impulsionados meramente pela necessidade de alcançar um lugar mais alto onde haja ar fresco e ambientes mais belos e saudáveis, sem nem mesmo saberem que existe um topo aonde chegar.

O CAMINHO ESPIRITUAL... por Swami Dhyan Rasul | consciencia.in

Mesmo entre os que começaram planejando chegar ao topo, alguns desistiram do objetivo após algum tempo, enquanto outros podem considerar cada lugar prazenteiro que alcançam como apenas um local de descanso do qual planejam alcançar o próximo estágio da subida.

Do mesmo modo são variadas as pessoas conhecidas como “santos” e yogues. Não apenas em seu nível de evolução, mas também variam em seu entendimento da meta e em sua dedicação para lutar em direção a ela. Também nos poderes que eles manifestam e os benefícios que concedem a outros.

Na Igreja Católica, um dos critérios para ser considerado santo é realizar milagres. O poder pode fluir através de um santo ou yogue, mas não é necessário que ele se interesse em manifestar poderes. Além disso, possuir poderes não é prova de santidade.

Voltando ao exemplo dado, existe um flanco da montanha onde a subida é mais difícil, sem lugares prazenteiros no caminho onde descansar, mas para compensar, neste flanco o caminho é direto e o pico é visível desde muito antes. Este é o caminho direto ensinado por Bhagavan. Não existem estágios neste caminho.

Os seguidores de Bhagavan ficam impacientes quando ouvem falar de estágios ou graus de realização que existem em algum caminho indireto, e dizem: “O que isto significa? Ou um homem realizou o Eu ou não”.

Esta atitude é correta no tocante ao caminho deles, mas não necessariamente em relação aos outros, pois existem caminhos nos quais o viajante não tem como objetivo a realização do Eu, o fim último da Verdade Suprema, ou ao menos não diretamente, e o termo 'realização' é usado com um significado diferente, denotando meramente a obtenção de um estado mais elevado, o qual entretanto é igualmente transitório e ilusório sob o ponto de vista da realidade do Eu. Entretanto, embora o viajante do caminho direto não obtenha regiões mais elevadas ao longo dele, ele pode ser abençoado com percepções de pura auto-realização, que irradiam luz em toda sua vida.

Existem, portanto, duas maneiras de subida consciente: aquela do homem que sobe em estágios, ficando estabilizado nesta vida em algum estado mais elevado, possivelmente com poderes mentais, mas sem um conhecimento direto do estado supremo de auto-realização; e aquela do homem que objetiva a verdade suprema, luta em direção a ela, talvez com percepções ocasionais de sua Realização, mas que até consegui-la, não está estabilizado em qualquer estado superior.

Qual caminho é preferível? A pergunta é irrealista, uma vez que cada aspirante seguirá o caminho que se adapta a seu temperamento e que seu destino torna disponível. 
  

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