Tenho um
amigo, cientista ilustre e respeitado, dono de grandes propriedades.
Tem carro bonito. Pertence a família ilustre. Tem apenas um ou dois
aspectos onde a vida não o favoreceu na medida em que gostaria.
Fechando os olhos a tudo
quanto tem, vê em torno de si apenas tristezas, infelicidades e
frustrações. Vive abatido a reclamar de tudo. Lastima-se
invariavelmente sempre que me vê. Sob o ponto de vista comum, é um
ricaço. Sob o ponto de vista da realidade, ele o é?
Aurino é
um "pobre" homem, que em toda sua vida tem estado em cama
de paralítico. Cresceu na horizontal. De seu leito "pobre"
de enfermo, dirige, no entanto, uma grande empresa. Uma empresa de
serviço. O serviço que oferece ao público é essencial, pois
corresponde a uma necessidade praticamente universal. A empresa de
quem poderia viver pedindo esmola presta exatamente o serviço de
assistência, de ajuda, de amparo aos necessitados de saúde e meios
de vida. O "pobre" Aurino é um catalisador de amor, de
beneficência, de humanitarismo. Mas, que milagres o espírito não
efetiva?! O "pobre" é sempre encontrado em Bangu disposto
a auxiliar a todos os "ricaços" como meu amigo lamuriento.
O
infeliz ainda mais infeliz se torna se, imprudentemente, mendiga
felicidade. O intranqüilo aumenta sua inquietude com o mendigar paz.
O incompreendido ainda mais inaceitável se torna, pelas reclamações
que despeja sobre os outros. Ninguém pode ter admiração por um
sujeito que anda à caça de ser admirado. Quem pode respeitar aquele
cuja maior preocupação é fazer-se admirado? Aquele que se
reconhece injustiçado e sem correspondência amorosa, e vive a pedir
amor, dificilmente pode ser amado.
Não
conheço quem sofra pela prodigalidade da ajuda que dá. O mundo no
entanto está cheio de gente que se desgraçou por tanto pedir. Se
você tem cometido o erro de reconhecer-se vazio de muitas coisas e,
no sentido de preenchê-las, vive a solicitar do mundo e dos outros
que lhe concedam favores, que lhe atendam os rogos, você
dificilmente será feliz.
Primeiro,
porque o mundo e as pessoas não gostam de atender aos vazios, aos
indigentes, aos dependentes, aos que se reconhecem fracos,
incompletos, carentes
de respeito, desamados, incompreendidos, necessitados, deserdados.
Em
segundo lugar, porque você se está enterrando na infelicidade ainda
mais, pelo fato de reconhecer-se carente, decaído, necessitado,
fraco, incapaz, miserável; por estar criando um auto-retrato
negativo e mórbido.
Você já
sabe o que é o subconsciente como um "servomecanismo"? Ou
melhor, você sabe o que é um "servo-mecanismo"? Se já
sabe, desculpe. Preciso no entanto explicar a quem não sabe.
"Servo-mecanismo" é uma máquina cibernética (no estilo
do cérebro eletrônico), que funciona de forma que, ao receber um
nítida missão a cumprir, exata e fielmente a cumpre. Assim são os
torpedos e os foguetes autodirigidos que, em hipótese alguma, erram
o alvo.
Pois
bem, o "servo-mecanismo" de seu subconsciente, a toda hora,
recebe a missão que você lhe dá, através da imagem que faz de si
mesmo (autoretrato). Cega e
fatalmente cumpre a missão, isto é, com seu tremendo poder, faz de
você o que você tem imaginado ser. Se você se vê como um
desgraçado despojado de paz, força, saúde, amor, compreensão,
respeito. . . finalmente de tudo que você ainda anda mendigando,
então, a toda hora, a máquina cibernética de seu subconsciente
está fazendo do desgraçado que você imagina, um desgraçado real.
Quando,
em vez de pedir ajuda, você passa a dar, você está, pelas mesmas
razões e segundo as mesmas leis, aumentando sua capacidade de
ajudar. Se em vez de pedir que lhe amem, você ama sem se ressentir
com a não reciprocidade; se você ama incondicionalmente, se "ama
por amor ao amor", então,
recebe o amor. Não por pedir. Mas em virtude de lei universal.
Se você
aprende a dar de si, verá aumentar a fortuna daquilo que aos outros
tem dado. Se você é positivo, emitindo, distribuindo, ofertando,
ajudando, compreendendo, estimulando, criando, irradiando, se se fez
um auto-retrato positivo, será cada vez maior sua riqueza, maior a
expansão de si mesmo, maiores os transbordamentos sobre os limites
precários do humano ser "normal". Se você, esquecido das
incompreensões de que tem sido vítima, gosta de dar compreensão a
todos, virá a vencer também neste aspecto da vida.
Quem
pede está vazio. Quem oferta tem para dar. Quem se lamenta atrai
maiores razões para mais se lamentar. Chegou a hora, meu amigo, de
pensar em viver à sua própria custa, com seus recursos, com o pouco
que possa ter, contentar-se com o que tem, de recusar-se a mendigar,
a depender do que lhe concederem. .. Não por orgulho ou vaidade, mas
por medida profilática, isto é, para evitar afundar-se nos escuros
domínios da indigência material, psíquica e espiritual.
Se você
se lembrar que o "Reino de Deus" está dentro de você, e é
um tesouro de felicidade, então, não na condição de mendigo, mas
de hábil e confiante garimpeiro, dele retirará aquilo de que
necessita para si e ainda mais para dar aos outros. Dê, sem ligar se
o tesouro vai exaurir-se e acabar. Os bens materiais podem,
materialmente,
diminuir,
na medida em que os esbanjamos. Os bens
espirituais, ao contrário, crescem na proporção que com ele
beneficiamos os outros.
Vamos
fazer esta experiência? Se até hoje, por palavras, gestos de
desânimo, olhar indigente, gemidos e mesmo através das descrições
de seus sintomas, comportou-se
como alguém que mendiga piedade, simpatia, palavras de caridade ou
qualquer forma de ajuda, agora mesmo assuma o compromisso de evitar
que os outros tenham "peninha" de você.
Erga a
cabeça, mesmo que a dor o queira vencer. Brilhem seus olhos. Sorriam
sempre seus lábios. Substitua seus ais pelas notas de qualquer
musiquinha animada. Não peça. Ofereça. Não capitule diante do
velho hábito de posar de coitadinho.
Mesmo que você esteja em sofrimento, no chão, em pedaços, quando
alguém lhe dirigir o convencional "como vai?",
responda-lhe sorrindo: "Vou bem. Não vou melhor para não fazer
inveja".
Experimente
este miraculoso tratamento. Abaixo as lamúrias! Nunca mais a
autopiedade nem a piedade dos outros!
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