4.1.13

LUZ NO CAMINHO - Tratado Ocultista


LUZ NO CAMINHO (tratado clássico de ocultismo recebido por Mabel Collins de um ser incorpóreo)

Estas regras foram escritas para todos os discípulos: segue-as. Antes que os olhos possam ver, devem ser incapazes de lágrimas. Antes que o ouvido possa ouvir, deve ter perdido a sensibilidade. Antes que a voz possa falar em presença dos Mestres, deve ter perdido a possibilidade de ferir. Antes que a alma possa erguer-se na presença dos Mestres, é necessário que seus pés tenham sido lavados no sangue do coração.


1 – Mata a ambição.

2 – Mata o desejo de viver.

3 – Mata o desejo de conforto.

4 – Trabalha como trabalham os que são ambiciosos. Respeita a vida como fazem os que a desejam. Sê tão feliz como os que vivem para a felicidade.

Procura em teu coração a raiz do mal e arranca-a. Esta raiz vive no coração do discípulo fervoroso, tanto quanto no do homem de desejos. Somente o forte pode destruí-la. O fraco tem que esperar seu crescimento, sua frutificação e sua morte. É esta planta que vive e se desenvolve através das idades. Floresce quando o homem acumulou em si existências enumeráveis. Aquele que quiser entrar na senda do poder, deve arrancá-la de seu coração. E então do coração brotará sangue, e a vida toda do homem parecerá dissipar-se por completo. É preciso sofrer esta prova; pode apresentar-se desde o primeiro degrau da perigosa escada que conduz ao caminho da vida; pode não chegar até o último.

Mas lembra-te, ó discípulo, que tens de passar por esta prova e reforçar as energias de tua alma para tal empresa. Não vivas no presente nem no futuro, mas sim no eterno. Ali não pode florescer esta erva gigantesca; a própria atmosfera do pensamento eterno apaga esta mancha da existência.

5 – Mata todo sentimento de separatividade.

6 – Mata o desejo de sensação.

7 – Mata a sede de crescimento.

8 – Entretanto, mantém-te só e isolado, porque nada de quanto tem consciência da separação, nada de quanto não seja eterno, pode vir em teu auxílio. Estuda a sensação e observa-a, porque unicamente assim podes começar a ciência do conhecimento próprio e colocar o pé no primeiro degrau da escada.

Cresce como a flor, inconscientemente, mas ardendo em ânsias de entreabrir sua alma à brisa. Assim é como deves avançar: abrindo tua alma ao eterno. Mas há de ser o eterno o que deve desenvolver tua força e tua beleza, e não o desejo de crescimento. Porque, no primeiro caso, florescerás com a louçania da pureza, e no outro te endurecerás com a avassaladora paixão da importância pessoal.

9 – Deseja unicamente o que está em ti.

10 – Deseja unicamente o que está fora de teu alcance.

11 – Deseja unicamente o que é inatingível.

12 – Porque em ti está a luz do mundo, a única luz que pode ser projetada sobre o caminho. Se és incapaz de percebê-la dentro de ti, é inútil que a procures noutra parte. Está fora do teu alcance, porque, quando chegares a ela, já não encontrarás a ti mesmo. É inatingível, porque retrocede sempre. Estarás no seio da luz, mas nunca tocarás a chama.

13 – Deseja ardentemente o poder.

14 – Deseja ardentemente a paz.

15 – Deseja as possessões acima de tudo.

16 – Mas estas possessões devem pertencer à alma pura e, consequentemente, devem ser possuídas igualmente por todas as almas puras, sendo, assim, a propriedade especial do todo que, unidas, constituem. Anela as possessões próprias da alma pura, a fim de que possas acumular riquezas para aquele espírito comum de vida, que é teu único ser verdadeiro. A paz que deves desejar é aquela paz sagrada que nada pode perturbar, e no seio da qual a alma cresce como a flor santa no seio das lagoas imóveis. É esse o poder a que deve aspirar o discípulo, o poder que o fará aparecer como nada aos olhos dos homens.

17 – Procura o caminho.

18 – Busca o caminho, retirando-te para o interior.

19 – Busca o caminho, avançando resolutamente para o exterior.

20 – Busca-o, mas não em uma direção única. Para cada temperamento, existe uma via que parece a mais desejável. Porém, só pela devoção não se encontra o caminho, nem pela mera contemplação religiosa, nem pelo ardor do progresso, nem pelo laborioso sacrifício de si mesmo, nem pela estudiosa observação da vida. Nenhuma destas coisas por si só faz adiantar ao discípulo mais que um passo.

Todos os degraus são necessários para subir a escada. Os vícios dos homens se convertem em degraus da escada, um a um, à medida que vão sendo dominados. As virtudes do homem são, em verdade, degraus necessários, dos quais não se pode prescindir de modo algum. Entretanto, ainda que criem uma bela atmosfera e futuro feliz, são inúteis, se estão isoladas. A natureza toda do homem deve ser sabiamente empregada por aquele que deseja entrar no caminho.

Cada homem é absolutamente para si mesmo o caminho, a verdade e a vida. Só o é, porém, quando domina firmemente toda sua individualidade, e quando, pela energia de sua acordada espiritualidade, reconhece que esta individualidade não é ele mesmo, mas uma coisa que ele criou trabalhosamente para seu uso e por cujo meio se propõe, à proporção que seu crescimento desenvolve lentamente sua inteligência, alcançar a vida além da individualidade. Quando sabe que para isto existe sua assombrosa vida complexa e separada, então, em verdade, e só então, se acha no caminho.

Busca-o submergindo-te nas misteriosas e esplêndidas profundidades do mais íntimo do teu ser. Busca-o provando toda a experiência, utilizando os sentidos a fim de compreender o desenvolvimento e a significação da individualidade, a formosura e a obscuridade desses outros fragmentos divinos que contigo e a teu lado combatem e que formam a raça à qual pertences. Busca-o estudando as leis do ser, as leis da natureza, as leis do sobrenatural; e busca-o prosternando tua alma ante a pequena estrela que arde no interior.

Enquanto vigias e adoras com perseverança, sua luz irá sendo cada vez mais brilhante. Então poderás reconhecer que encontraste o começo do caminho. E quando chegares ao fim, sua luz se converterá subitamente em luz infinita.

21 – Busca a flor que desabrocha durante o silêncio que segue à tormenta, e não antes. A planta crescerá e se desenvolverá, lançará ramos e folhas, e formará botões enquanto prossegue a tempestade e perdura a batalha.

Mas enquanto a personalidade toda do homem não tiver sido dissolvida e fundida; enquanto o divino fragmento que a criou não a manejar como mero instrumento de experimentação e experiências, enquanto a natureza toda não tiver sido vencida e se tornado submissa ao Eu Superior, a flor não poderá abrir-se. Então sobrevirá uma calma como a que nos países tropicais sucede a uma chuva torrencial, quando a Natureza age com tanta rapidez que sua ação pode ser vista. Uma calma semelhante se difundirá sobre o espírito fatigado. E no silêncio profundo ocorrerá o misterioso sucesso, o qual provará que se encontrou o caminho.

Podes chamá-lo como quiseres; é uma voz que fala onde não há ninguém que fale; é um mensageiro que vem, mensageiro sem forma nem substância, ou antes é a flor da alma que se abriu. Não há metáfora que possa descrevê-lo. Mas pode-se pressentir, procurar e desejar, mesmo no meio da fúria da tempestade. O silêncio pode durar apenas um momento, ou pode prolongar-se por milhares de anos, porém terá fim. Contudo, reterás contigo sua força. Uma e outra vez terás que dar e ganhar a batalha. O repouso da Natureza só pode ser um intervalo.


Estas regras expostas são as primeiras que foram escritas nos muros do Templo do Saber. Os que pedem, obterão. Os que desejam ler, lerão. Os que desejam aprender, aprenderão.


II


Do seio do Silêncio, que é a paz, uma voz ressoante se elevará. E esta voz dirá: “Faz falta alguma coisa mais; tu colheste, agora tens que semear.” E sabendo que esta voz é o Silêncio mesmo, obedecerás.

Tu que és agora um discípulo capaz de manter-te firme, capaz de ouvir, capaz de ver, capaz de falar, que venceste o desejo e obtiveste o conhecimento de ti mesmo; tu que viste tua alma em sua flor e a reconheceste e que ouviste a voz do Silêncio, encaminha-te ao Templo do Saber e lê o que ali está escrito para ti.


1 – Mantém-te alheio à batalha que começa, e ainda que combatas, não sejas o guerreiro.

2 – Procura o guerreiro e deixa-o combater em ti.

3 – Recebe suas ordens para a batalha, e obedece-as.

4 – Obedece-o não como se ele fosse um general, porém como se ele fosse tu mesmo, e como se suas palavras fossem a expressão de teus secretos desejos; pois ele é tu mesmo, ainda que infinitamente mais sábio e forte do que tu. Busca-o antes que, no fragor e na febre da batalha, possas deixar de percebê-lo; pois ele não te reconhecerá, a não ser que tu o conheças. Se teu grito chegar a seu ouvido atento, então lutará em ti e encherá o triste vácuo interior. E se isto suceder, então poderás permanecer sereno e infatigável durante a batalha, mantendo-te apartado e deixando-o combater por ti. Então será impossível que dês um único golpe em falso.

Porém, se não o procuras, se passas a seu lado sem percebê-lo, então não há salvação para ti. Teu cérebro perturbar-se-á, teu coração tornar-se-á irresoluto e, no meio da poeira do campo de batalha, tua vista e teus sentidos se obscurecerão, e não distinguirás teus amigos de teus inimigos.

Ele é tu mesmo; tu és finito e sujeito ao erro. Ele é eterno e seguro. Ele é a verdade eterna. Uma vez que em ti tenha penetrado e se tenha tornado teu guerreiro, jamais te abandonará por completo, e no dia da grande paz, ele e tu serão convertidos em um.

5 – Escuta o canto da vida.

6 – Conserva em tua memória a melodia que ouvires.

7 – Aprende dela a lição de harmonia.

8 – Tu podes então manter-te ereto, firme como uma rocha no meio do tumulto, obedecendo ao guerreiro que é tu mesmo e teu rei. Indiferente ao combate, salvo na execução de seus mandatos, e sem preocupar-te com o resultado da batalha, porque uma coisa única é importante: que o guerreiro vença, e tu sabes que não pode ser derrotado; permanece, assim, sereno e vigilante, e usa da faculdade de ouvir, que adquiriste por meio do sofrimento e da destruição do sofrimento.

Enquanto não fores mais do que homem, apenas fragmentos do grande canto chegarão a teus ouvidos. Mas se o ouvires, imprime-o finalmente em tua memória, de modo que nada se perca do que tenha chegado a ti, e dele procura aprender o significado do mistério que te rodeia. Com o tempo não terás necessidade de instrutor algum. Porque assim como o indivíduo possui uma voz, Aquele em que o indivíduo existe a possui também.

A própria vida tem sua linguagem e nunca permanece silenciosa. E esta linguagem não é um grito, como poderias supor tu que és surdo, mas um canto. Aprende dele que tu és uma parte da Harmonia; aprenda dele a obedecer às leis da Harmonia.

9 – Observa atentamente toda a vida que te rodeia.

10 – Aprende a perscrutar de maneira inteligente o coração dos homens.

11 – Considera ansiosamente teu próprio coração.

12 – Porque através de teu próprio coração vem a única luz que pode iluminar a vida e torná-la clara a teus olhos.

Estuda o coração dos homens, a fim de poderes conhecer o que é o mundo em que vives e do qual queres ser parte. Observa a vida que te rodeia em constante movimento, em transformação incessante, pois é formada pelos corações dos homens; e à proporção que fores aprendendo a conhecer sua constituição e significação, irás gradualmente sendo capaz de ler a palavra maior da vida.

13 – A palavra só vem com o conhecimento. Alcança o conhecimento e alcançarás a palavra.

14 – Tendo adquirido o uso dos sentidos internos, tendo dominado os desejos dos sentidos externos, havendo subjugado os desejos da alma individual, e tendo obtido o conhecimento, prepara-te, ó discípulo, para entrar realmente no caminho. O caminho foi encontrado; apresta-te a percorrê-lo.

15 – Pede à terra, ao ar e à água, os segredos que guardam para ti. O desenvolvimento de teus sentidos internos te permitirá fazê-lo.

16 – Pede aos santos da terra os segredos que guardam para ti. O domínio dos desejos de teus sentidos externos te dará direito a fazê-lo.

17 – Indaga do mais íntimo, do Uno, o segredo final que Ele guarda para ti, no decorrer das idades.

A grande e difícil vitória, o domínio dos desejos da alma individual, é obra de idades; portanto, não esperes receber a recompensa antes que idades e idades de experiências se hajam acumulado. Quando tiver soado a hora de aprender esta regra 17, o homem estará próximo de se tornar mais que um homem.

18 – O conhecimento que agora possuis, só é teu porque tua alma se tornou uma com todas as almas puras e com o mais íntimo. É um depósito que o Altíssimo te confiou. Abusa dele, emprega mal teu conhecimento ou descuida-o, e ainda é possível que caias do estado elevado a que chegaste. Almas grandes há que retrocedem, achando-se já nos umbrais, por não poderem suster o peso de sua responsabilidade, por serem incapazes de seguir adiante. Portanto, considera sempre esse momento do futuro com temeroso respeito, e prepara-te para a batalha.

19 – Está escrito que, para aquele que se acha nos umbrais da divindade, não se pode idear lei alguma, nem tampouco pode existir guia. Contudo, para que o discípulo compreenda a luta final, pode-se expressá-la nestes termos: Aferra-te ao que não tem substância nem existência.

20 – Não ouças senão a voz que é insonora.

21 – Não olhes senão o que é invisível, tanto ao sentido interno como ao externo.


A PAZ SEJA CONTIGO

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